PRECIPÍCIO
Estampo em meu rosto
um sorriso falso.
Um arremedo de felicidade ensaio
para representar no teatro da vida.
Tudo é fraude, tudo é ilusão,
acredita quem não tem razão.
Iludo as pessoas e sigo em frente
tem gente que acha que estou feliz.
Mas os poucos que me conhecem
sabem que por dentro sangro.
Percebem a sombra
do que um dia fui.
Notam que ando na corda bamba
prestes a cair num precipício
de onde não vou mais voltar.
29 de setembro de 2010.
domingo, 29 de junho de 2014
INEXISTÊNCIA.
INEXISTÊNCIA
Quando completei um mês de idade
deveria ter morrido.
Melhor ainda teria sido
não haver nunca ter nascido.
Não sofreria hoje o que sofro
pois nunca teria existido.
27 de agosto de 2010.
Quando completei um mês de idade
deveria ter morrido.
Melhor ainda teria sido
não haver nunca ter nascido.
Não sofreria hoje o que sofro
pois nunca teria existido.
27 de agosto de 2010.
GANGRENA
GANGRENA
Nada mais vale a pena.
A vida é gangrena
escura e vazia.
Tenho de cortá-la sem pudor
nem anestesia...
Pois a fantasia
não serve mais para curar a dor.
23 de maio de 2012.
Nada mais vale a pena.
A vida é gangrena
escura e vazia.
Tenho de cortá-la sem pudor
nem anestesia...
Pois a fantasia
não serve mais para curar a dor.
23 de maio de 2012.
sexta-feira, 20 de junho de 2014
SORRISOS TOLOS
SORRISOS TOLOS
Sorrir sem motivo é para os tolos
não vou mais fingir o que não sinto.
Dizem que perdi meu brilho
mas todo sol se extingue um dia.
Nem tudo em nossa vida é luz
por isso aprendi a caminhar nas trevas.
O desespero é sábio pois ensina o caminho das pedras
e os atalhos para não ferir os pés.
Nem todo destino é bom, nem toda a vida é boa
minha estrada apesar de finita é vazia ao redor.
Por isso me oculto dentro de uma concha quebrada
esperando que tudo se apague de uma vez.
Junho de 2014.
Sorrir sem motivo é para os tolos
não vou mais fingir o que não sinto.
Dizem que perdi meu brilho
mas todo sol se extingue um dia.
Nem tudo em nossa vida é luz
por isso aprendi a caminhar nas trevas.
O desespero é sábio pois ensina o caminho das pedras
e os atalhos para não ferir os pés.
Nem todo destino é bom, nem toda a vida é boa
minha estrada apesar de finita é vazia ao redor.
Por isso me oculto dentro de uma concha quebrada
esperando que tudo se apague de uma vez.
Junho de 2014.
DIA DE ANIVERSÁRIO
DIA DE ANIVERSÁRIO
Hoje é seu aniversário
e nem mesmo sei tua idade.
Apenas sei vagamente onde mora
ou melhor,
se esconde.
Longe, bem longe,
carregando sua cruz e seus vícios
caindo em seu precipício
Esperando,
em vão,
seu celular tocar.
2010/2014
Hoje é seu aniversário
e nem mesmo sei tua idade.
Apenas sei vagamente onde mora
ou melhor,
se esconde.
Longe, bem longe,
carregando sua cruz e seus vícios
caindo em seu precipício
Esperando,
em vão,
seu celular tocar.
2010/2014
domingo, 8 de junho de 2014
AUTOCRÍTICA PEQUENO BURGUESA
AUTOCRÍTICA PEQUENO BURGUESA
Estou sempre em contradição
comigo mesmo
querendo conciliar meu lado pequeno-burguês
com minha consciência marxista
leninista.
Vivo
entre a luta pela emancipação
da classe operária
e a eterna preocupação
por meu cabelo não ficar despenteado.
Entre a reforma agrária
e a mesa farta
de minha casa.
17 de dezembro de 1984.
Estou sempre em contradição
comigo mesmo
querendo conciliar meu lado pequeno-burguês
com minha consciência marxista
leninista.
Vivo
entre a luta pela emancipação
da classe operária
e a eterna preocupação
por meu cabelo não ficar despenteado.
Entre a reforma agrária
e a mesa farta
de minha casa.
17 de dezembro de 1984.
PÓS DESESPERO
PÓS DESESPERO
Recolho meu coração
partido
em mil cacos de vida
e o remonto
pedaço
por
pedaço.
E faço
das marcas que restaram
um poema
ferido.
18 de dezembro de 1984.
Recolho meu coração
partido
em mil cacos de vida
e o remonto
pedaço
por
pedaço.
E faço
das marcas que restaram
um poema
ferido.
18 de dezembro de 1984.
FÉ
FÉ
Minha fé
é minha poesia
que inunda
minha vida vazia.
Minha poesia:
vertente de
meus ideais
recipiente de
minha sangria.
18 de novembro de 1984.
Minha fé
é minha poesia
que inunda
minha vida vazia.
Minha poesia:
vertente de
meus ideais
recipiente de
minha sangria.
18 de novembro de 1984.
PARTÍCULAS
PARTÍCULAS
Assim como vejo numa semente
displicentemente cuspida
na terra
uma partícula de uma nova planta
que teimosamente brotará,
vejo nos homens que não se calam
diante da escuridão
das noites impostas
a ferro
e
fogo
uma partícula do mundo novo.
Outubro de 1984.
Assim como vejo numa semente
displicentemente cuspida
na terra
uma partícula de uma nova planta
que teimosamente brotará,
vejo nos homens que não se calam
diante da escuridão
das noites impostas
a ferro
e
fogo
uma partícula do mundo novo.
Outubro de 1984.
MARCA
MARCA
É preciso que os homens
no pequeno estágio
dialético
chamado vida
deixem alguma coisa sólida
marcando sua existência
sobre essa esfera azul.
Algum artefato
que sirva de exemplo
para as gerações futuras.
Outubro de 1984.
É preciso que os homens
no pequeno estágio
dialético
chamado vida
deixem alguma coisa sólida
marcando sua existência
sobre essa esfera azul.
Algum artefato
que sirva de exemplo
para as gerações futuras.
Outubro de 1984.
NO POVO
NO POVO
O povo
é parte integrante
de meu todo.
É nele que eu
me descubro
e é nele que eu
encontro poesia.
No povo
eu vejo
a todo instante
um outubro
de 1917
querendo desabrochar
como uma flor
vermelha
no canteiro do futuro.
O povo
é parte integrante
de meu todo.
É nele que eu
me descubro
e é nele que eu
encontro poesia.
No povo
eu vejo
a todo instante
um outubro
de 1917
querendo desabrochar
como uma flor
vermelha
no canteiro do futuro.
EXPERIÊNCIAS
EXPERIÊNCIAS
A vida
a cada instante que passa
no tempo finito
dos corpos,
pulsa:
ensinando
novas liçoes.
Agosto de 1984.
A vida
a cada instante que passa
no tempo finito
dos corpos,
pulsa:
ensinando
novas liçoes.
Agosto de 1984.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
A PELEJA ENTRE O PSIQUIATRA, O PSICÓLOGO E O PACIENTE
A PELEJA ENTRE O PSIQUIATRA, O PSICÓLOGO E O PACIENTE
O psiquiatra me receita remédios mágicos
com fórmulas milimetricamente exatas
para me manter feliz e me fazer dormir.
O psicólogo com seu ar de sábio
como um inquisidor quer me fazer confessar
todos os meus problemas ocultos e enterrados.
Sou a perfeita cobaia humana
e eles querem sugar meus desejos sublimados.
Esses deuses de jaleco branco todo-poderosos
pensam que sabem tudo sobre o ser humano
com suas teorias e práticas científicas.
Mas se esquecem da metafísica da alma,
desse universo infinito que carregamos pela vida
e que sempre reserva surpresas ininteligíveis.
No fundo, bem lá no fundo os loucos
é que sempre tem razão pois não precisam
da sobriedade inatingível da razão.
E no auge de sua loucura desvairada
enxergam um mundo que seres normais
não conseguem e não podem perceber.
Pois a razão apesar de toda carga de certezas
é cega para enxergar um mundo paralelo
que coexiste com este plano material
e que somente os loucos conseguem notar
com seus olhos vidrados e sobrecarregados
de visões intransponíveis para os ditos seres sãos.
Tibor Wonten, 2 de setembro de 2010.
O psiquiatra me receita remédios mágicos
com fórmulas milimetricamente exatas
para me manter feliz e me fazer dormir.
O psicólogo com seu ar de sábio
como um inquisidor quer me fazer confessar
todos os meus problemas ocultos e enterrados.
Sou a perfeita cobaia humana
e eles querem sugar meus desejos sublimados.
Esses deuses de jaleco branco todo-poderosos
pensam que sabem tudo sobre o ser humano
com suas teorias e práticas científicas.
Mas se esquecem da metafísica da alma,
desse universo infinito que carregamos pela vida
e que sempre reserva surpresas ininteligíveis.
No fundo, bem lá no fundo os loucos
é que sempre tem razão pois não precisam
da sobriedade inatingível da razão.
E no auge de sua loucura desvairada
enxergam um mundo que seres normais
não conseguem e não podem perceber.
Pois a razão apesar de toda carga de certezas
é cega para enxergar um mundo paralelo
que coexiste com este plano material
e que somente os loucos conseguem notar
com seus olhos vidrados e sobrecarregados
de visões intransponíveis para os ditos seres sãos.
Tibor Wonten, 2 de setembro de 2010.
JEKILL & HIDE
JEKILL & HIDE
Dentro de mim habitam dois:
um luz, outro trevas.
Dualidade eterna.
Por vezes sou o médico,
como também em mim
aflora o monstro:
sou calmo e sereno,
feroz e obsceno.
Tanto abro minhas asas de anjo,
como dilacero com as garras de demônio.
Tibor Wonten, 2012/2014.
Dentro de mim habitam dois:
um luz, outro trevas.
Dualidade eterna.
Por vezes sou o médico,
como também em mim
aflora o monstro:
sou calmo e sereno,
feroz e obsceno.
Tanto abro minhas asas de anjo,
como dilacero com as garras de demônio.
Tibor Wonten, 2012/2014.
AOS HIPÓCRITAS
AOS HIPÓCRITAS
Te cumprimentam ao raiar do dia
embora tua morte é o que lhes fascina.
Abrem um sorriso quando te encontram
mas se pudessem te cuspiriam em cima.
Pois os hipócritas por tudo se amedrontam:
palavras, gestos, teu jeito de ser.
A tua inegociável maneira de viver
e de não crer...
Que se arrastem e chafurdem na lama
pois para os porcos é a melhor cama.
Tibor Wonten, 6 de junho de 2014.
Te cumprimentam ao raiar do dia
embora tua morte é o que lhes fascina.
Abrem um sorriso quando te encontram
mas se pudessem te cuspiriam em cima.
Pois os hipócritas por tudo se amedrontam:
palavras, gestos, teu jeito de ser.
A tua inegociável maneira de viver
e de não crer...
Que se arrastem e chafurdem na lama
pois para os porcos é a melhor cama.
Tibor Wonten, 6 de junho de 2014.
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