AOS SAPOS (Dedicada ao Ricardo Felippe)
Pânico!
Pânico!
Pânico no salão...
A hipocrisia sentiu-se ofendida
pois o poeta falou um palavrão.
Congelem a imagem da filmadora:
este ato não entrará para a posteridade.
Sapos são feitos para o pântano!
Sapos barbudos estão condenandos ao ostracismo!
Não servem para entrar na poesia.
Indecente!
Indecente!
Indecente!
Bradam os puritanos de ouvidos vírgens
e lábios impolutos
que nunca falaram um palavrão
(e que também nunca entenderam poesia).
Alheio aos comentários
o poeta recolhe seu poema "sapoembarbudado"
enquanto a serpente
se afoga em seu próprio veneno.
6 de dezembro de 1995
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