sexta-feira, 2 de maio de 2014

AOS SAPOS (Dedicada ao Ricardo Felippe)

Pânico!
            Pânico!
                        Pânico!
Pânico no salão...

A hipocrisia sentiu-se ofendida
pois o poeta falou um palavrão.

Congelem a imagem da filmadora:
este ato não entrará para a posteridade.
Sapos são feitos para o pântano!
Sapos barbudos estão condenandos ao ostracismo!
Não servem para entrar na poesia.

Indecente!
                Indecente!
                                 Indecente!
Bradam os puritanos de ouvidos vírgens
e lábios impolutos
que nunca falaram um palavrão
(e que também nunca entenderam poesia).

Alheio aos comentários
o poeta recolhe seu poema "sapoembarbudado"
enquanto a serpente
se afoga em seu próprio veneno.


6 de dezembro de 1995

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