sexta-feira, 2 de maio de 2014

DECLAMAÇÃO DO POEMA

Quero declamar um poema
que profane teu imaculado altar.
Que te incomode causando vertígens
e que a noite te provoque insônia.

Quero declamar um poema
venenoso como a cicuta que matou Sócrates,
terrível como um círculo do inferno de Dante
e que inquiete tua majestade.

Quero declamar um poema
que arranque tua máscara,
que enfraqueça sua sanha,
que rompa as cordas do teu chicote.

Quero declamar um poema
que liberte as manhãs de tua tirania,
que rompa as grades desta prisão,
que anuncie uma primavera infinita.


1994

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