sexta-feira, 2 de maio de 2014

PERDA

O Partido ordena vigilância,
necessita de corações de aço,
de homens sem alma,
convictos da causa
e da inevitável revolução.
Ilusão,
inevitável ilusão...
Burocrata, não tive tempo
de conhecer o amor
e te deixei escapar por entre meus dedos.
Te perdi quando te conheci.
Te perdi a cada dia que passava.
Te perdi porque simplesmente
não falei que te amava.
Amor não era palavra de ordem,
não estava na pauta do dia,
não cabia na greve
e nem estava estampado
em nossa vermelha bandeira.
O amor era algo para o futuro...
Futuro radiante: a restauração do paraíso.
Cabia a nós esperar esse dia,
o dia da redenção.
E eu, esperando por ele,
te perdi para sempre.


Junho de 2010

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